sexta-feira, 23 de março de 2018

Rendas de Esposende!

Nos últimos tempos foi notícia nos jornais os números dos valores médios das novas rendas por m2 que surgiram em 2017 divulgados pelo INE, que fizeram surgir a habitual discussão "Lisboa versus Resto do país" mas sendo um pagador de impostos em Esposende tive a curiosidade de perceber qual a posição do concelho no panorama regional e os resultados foram claros: o mais caro do distrito de Braga!

Esta estatística por si só já é algo chocante mas mais chocante se torna quando percebemos que Esposende é apenas o 6º concelho do distrito de Braga em termos de salário médio e isso deve-nos fazer pensar na desproporcionalidade que estes valores colocam na vida dos habitantes de cada um destes concelhos.

Façamos contas simples.

O arrendamento médio por m2 em Esposende é de 3,83€/m2, em Braga é de 3,79€/m2, Barcelos é 3,29€/m2 e em Guimarães é de 3,2€/m2 o que se considerarmos um apartamento com a área média de 100m2 teremos um apartamento em Esposende com uma renda de 383€, Braga nos 379€, Barcelos nos 329€ e Guimarães nos 320€. 

Olhando para os dados oficiais, o rendimento médio em Esposende 805,8€, em Braga é de 985,7€, Barcelos está nos 815,3€ e Guimarães 843,7€.
 Desta forma, podemos calcular o peso de uma renda média para uma habitação de 100 m2 no salário de um habitante médio de cada um destes concelhos:

Esposende - 47,5% do salário.
Barcelos - 40,4% do salário.
Braga - 38,4% do salário.
Guimarães - 37,9% do salário.

E acho que estes números devem-nos fazer pensar a todos.

 Sei que existem algumas explicações para estes valores, desde a variável cubicagem de construção permitida nos diferentes concelhos até ao tipo de habitação e localização que cada um têm, desde a idade das construções até à carga de impostos que varia de concelho para concelho.
 Podem também dizer que estes valores são obtidos a partir de uma média pesada e que os outros concelhos têm rendas muito elevadas que são neutralizadas pelas rendas mais baixas dos prédios quase devolutos, o que não deixando de ser uma verdade não explica tudo.
 Alguns até me podem esgrimir o argumento que Esposende é uma zona balnear, que têm algumas zonas que sofrem de considerável especulação mobiliária decorrente da sua posição à beira-mar e que mesmo assim até é das zonas de todo o litoral português com preços mais baixos.

 Sei que alguns me dirão que isto é uma análise muito superficial, que existem muitos pequenos fatores que manipulam estes grandes números, que nada disto faz muito sentido porque falta a análise sobre a "habitação-tipo" de cada um dos concelhos que terão áreas diferentes, logo valores diferentes, logo rendas diferentes.

Claro que isso também é uma verdade mas mesmo assim, não consigo perceber como conseguimos chegar a um ponto onde efetivamente ganhamos menos mas pagamos mais quer em termos efetivos quer em termos proporcionais!  

Como cidadão, gostava que as forças vivas deste concelho se pronunciassem sobre esta situação, sobre o que isto implica na vida das pessoas que cá moram e o que podemos fazer para sermos mais competitivos neste campo.

 Se queremos mais gente aqui a morar, mais pessoas jovens ( e menos jovens ) a fixarem-se neste concelho não lhe podemos dar como prenda de boas-vindas quase metade do salário numa renda e ainda garantir-lhes que muito provavelmente terão de apanhar a A28 para ir trabalhar para os concelhos vizinhos!

 Não é nada convidativo, acreditem.

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