quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Consciência Ambiental

Ontem li nos jornais nacionais que Guimarães, à semelhança de muitas cidades por esse mundo fora, irá passar a cobrar a factura dos resíduos através dos sacos e não de tarifas fixas na factura da água.

Gostava muito sinceramente de ver esse sistema implementado cá pelo nosso burgo! 

Claro que, ao bom registo nacional, haverá quem seja avesso à evolução. Certamente não faltaria quem passasse a depositar o lixo à socapa só para não ser visto a usar sacos "não oficiais"!

Aliás, as minhas pedaladas de fim de semana têm-me permitido perceber que, a julgar pelos sítios onde alguns despejam detritos de tudo e mais algum coisa no meio dos montes, temos ainda muita gente com uma consciência ambiental ao nível da idade da pedra. Não raras vezes, no meio de trilhos onde até de bicicleta se passa mal, deparamo-nos com verdadeiros depósitos de lixo, que alguém, garantidamente com dificuldade e veículo a merecer pouca estima, se dignou a descarregar às escondidas, com razões que desconhecemos mas que certamente estarão associadas a estados de morte cerebral (e isto é o mais "politicamente correcto" que consigo ser para qualificar tal nível de selvajaria e imundície).

Mas na essência, que cada um pague pelo lixo que produz, parece-me justo!
Num país que tanto apregoa o princípio do "utilizador pagador" (alguém se esquece das SCUTS?), porque não acabarmos de vez com estas tarifas fixas que são a galinha de ovos de ouro para alguns serviços?

Certo é que, num mundo ideal, toda a gente saberia separar o lixo e bom era que o lixo reciclável pudesse ser "auto-financiável", ao passo que o indiferenciado deveria esse sim, ser taxado por saco (seja por venda de saco ou venda vinhetas para saco).

Claro que num cenário desses não faltaria quem misturasse o lixo indiferenciado nos sacos do reciclável só para se livrar do lixo sem pagar.

A verdade é que, apesar de muitos receios e "fura-esquemas" que a gente perspective, olhando para o nosso concelho, há uma evolução assinalável no que respeita à separação de resíduos, para o que muito contribuiu a distribuição dos ecopontos pelo concelho.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Estamos sempre a aprender

Os magustos fazem parte do Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Turismo de Esposende.
Quem diria que a comezaina de castanhas, acompanhadas de jeropiga, e umas concertinas pelo meio, seria estrategicamente decisiva para o desenvolvimento do turismo local.
Admira como é que ainda não convidaram o Futre para apadrinhar o evento. Já estou a imaginar o el portugués ladeado por Benjamim Pereira e Rui Pereira, a afirmar solenemente, entre uma dentada na castanha e um gole de jeropiga "Vai vir charters de chineses para provarem as castanhas esposendenses!

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Executivo camarário a duas velocidades*

Quase que passou despercebido o facto de, no passado dia 7 de Outubro, se terem assinalado dois anos de mandato do atual executivo camarário esposendense.
A página do Município, órgão oficial, por excelência, da comunicação dos assuntos e atividade da Câmara junto dos seus munícipes, nem sequer publicou uma evocação do acontecimento.
Cumprida metade do mandato autárquico, esta é uma ocasião propícia para ser feito o balanço do estado de cumprimento do programa com que Benjamim Pereira e a sua equipa se propuseram governar o concelho de Esposende durante 4 anos. Um olhar ao que de bom e menos bom foi feito e uma projeção sobre o que ainda falta por realizar até 2017.
Recomenda-se que qualquer poder político, seja a nível local, seja a nível central, tome pulso junto dos seus eleitores, tendo em vista ajustar a política até então seguida, no que se mostrar apropriado e, caso se justifique, fazer as alterações cirúrgicas na equipa executiva.
A esse título, revela-se denominador comum dos últimos governos portugueses que cumpriram integralmente uma legislatura, o facto de, a meio do percurso, ter havido uma remodelação na equipa ministerial.
Por regra, a meio dos mandatos, o primeiro-ministro refresca a sua equipa, substituindo um ministro apagado ou contestado por uma cara nova, ou desfazendo um ministério complexo em dois ministérios.
Embora um executivo camarário não seja sujeito ao mesmo escrutínio que um governo, e não tenha a complexidade que subjaz a muitas pastas ministeriais, não deixa de ser verdade que a governação camarária é, à sua medida, também muito exigente, não sendo incólume aos denominados “erros de casting”.
No caso particular da câmara municipal de Esposende, em que o presidente da câmara e três dos vereadores eleitos (Rui Pereira, Jaqueline Areias e Raquel Vale) já se encontram em funções executivas há 6 anos consecutivos, o juízo sobre a competência e adequabilidade aos pelouros regidos por parte de cada um dos vereadores executivos ganha maior base e atualidade.
Embora não sendo usual a ocorrência de um remodelação da equipa camarária, nada impede, porém, que se faça um ajustamento nos pelouros atribuídos, quando o seu responsável manifesta pouca propensão para os mesmos.
Rui Pereira, vereador com os pelouros, entre outros do Turismo e Desporto, tem promovido, ao longo dos anos, inúmeras iniciativas nas suas áreas de especialidade. Muitas dessas iniciativas envolvem a participação dos agentes económicos locais.
Ora, pela experiência adquirida e boas provas dadas, parece claro, nesta fase da governação camarária, que pelouros como os do Comércio e Indústria, que atualmente estão na esfera da vereadora Raquel Vale, poderiam, muito bem, ser atribuídos a Rui Pereira. Ganhar-se-iam aqui, pensamos, importantes economias de escala e uma abordagem mais estratégica e global no plano económico.
Outro ajustamento que salta à vista é o que se prende com o pelouro da Cultura. Jaqueline Areias não é um Paulo Cunha e Silva, nem tal lhe era exigido, mas 6 anos depois, fica a impressão que a Cultura é um pelouro que está aquém do seu (muito) potencial. A recente polémica da demissão da maestrina Helena Venda Lima da direção coral do Coro de Pequenos Cantores de Esposende e do Coro Ars Vocalis, entretanto revogada pela própria após intervenção direta do presidente da Câmara (o que não deixa de ser sintomático e revelador da perda de autoridade e expressão da vereadora) é apenas mais uma estória de um pelouro que, dificilmente, ficará para a história do executivo de Benjamim Pereira.
O futuro de Esposende que Benjamim Pereira se propôs ganhar durante estes 4 anos está ainda por cumprir na sua plenitude. Volvidos dois anos, distinguem-se claramente as áreas que já se encontram em velocidade cruzeiro, daquelas que ainda continuam a marcar passo. Deixar que tudo continue na mesma, à boa maneira portuguesa, ou dar um novo impulso à sua governação, é o desafio que se coloca ao presidente esposendense até ao final do ano. 

*Publicado no Jornal Notícias de Esposende, n.º 42/2015 - 14 Novembro

sábado, 14 de novembro de 2015

João Pedro Lopes, a direita e a matemática


A direita esposendense, tal como a direita nacional, viu o tabuleiro do xadrez político ser alterado e de uma forma agressiva.

A direita em Esposende vale cerca de 70% em eleições autárquicas e é com esta percentagem que todos os candidatos desta área têm de fazer contas. Dificilmente vai existir uma migração de votos entre esquerda e direita se não houver caras novas quer de um lado, quer do outro. 

Com a candidatura de João Pedro Lopes temos mais um candidato que vai repartir esta percentagem à direita, sendo eu da opinião que o seu passado no CDS vai pesar no momento do voto. 

Fazendo a previsão de termos o anúncio de João Cepa como candidato independente às próximas autárquicas, serão 4 os candidatos à direita em Esposende: Benjamim Pereira, João Cepa, João Pedro Lopes e o candidato do CDS.

E é aqui que a matemática entra em jogo.

Tendo em conta que teria de ocorrer uma catástrofe para um candidato do PSD ficar abaixo dos 30% isso liberta cerca de 40% dos votos para os restantes candidatos. 

Sabendo que o CDS concorrendo com candidatura própria vale sempre 7%, temos cerca de 33% para os 2 independentes.

E aqui é que a matemática fica complicada.

João Pedro Lopes irá buscar algum eleitorado ao CDS e aos descontentes do PSD, o que lhe vai permitir chegar rapidamente aos 4 ou 5%, ficando os restantes 28 ou 29% para João Cepa.

João Pedro Lopes terá de apostar no efeito Bloco de Esquerda, deixar que Benjamim Pereira e João Cepa se gladiem e se denigram na praça pública, e avançar com ideias claras e acima das lutas pessoais e dos conflitos palacianos que irão aparecer e assim aproveitar quem vive descontente com o atual executivo mas não quer o regresso de João Cepa.

Quanto a Benjamim Pereira e João Cepa, prevejo uma luta que se vai resolver em 2 tabuleiros diferentes: coligação com CDS e juntas de freguesia.

Quem dos 2 conseguir uma coligação com o CDS terá as portas escancaradas para a vitória já que não prevejo migração do eleitorado do PS para Benjamim Pereira e muito menos para João Cepa e do eleitorado do PCP muito menos.

Outro tabuleiro onde esta vitória vai ser resolvida é nas listas das juntas de freguesia.

Quem conseguir garantir o maior apoio das juntas de freguesia e dos seus presidentes terá uma vantagem considerável e quase inultrapassável, já que poucos são os casos em que quem ganhou a câmara não ganhou a junta de freguesia ao longo dos últimos anos.

Um dos momentos decisivos das eleições será a elaboração das listas candidatas às juntas de freguesia já que será a primeira avaliação do ambiente político.

A mudança do PSD para uma lista independente não é tão fácil como parece, já que se apenas 2 ou 3 freguesias mudarem de lista fará com que os seus presidentes fiquem isolados quer na sua força junto da Câmara Municipal, quer junto do partido.

Os novos presidentes da junta de freguesia que apareceram em 2013, tal como o presidente da câmara, ainda não dispõem do peso político e de um carisma que os torne apetecíveis ao ponto de lhes tolerar esse comportamento e muitos não conseguem sobreviver fora do partido.

A irrelevância política do PSD- Esposende provocada por João Cepa e Benjamim Pereira nos últimos anos,  faz com que a sua distrital não vá ser complacente com quem saiu e queira voltar para as suas fileiras, nem que deva estar disposta a ter grandes dores de cabeças na escolha do candidato. No ambiente autárquico só me lembro de Avelino Ferreira Torres que tendo sido eleito pelo CDS saiu para concorrer como independente e voltou novamente ao CDS e com os resultados conhecidos.

Esposende serve como mais uma câmara para poder fazer número quando forem apurados os resultados das autárquicas e apenas isso.

Resumindo, este é a oportunidade para o PS-Esposende!

Uma fragmentação dos votos da direita pode significar uma excelente oportunidade para uma aproximação ao principal candidato.

Não tenho nada contra João Nunes, o único vereador de verdadeira oposição em Esposende, mas o PS - Esposende necessitava de uma cara nova e que começasse em campanha imediatamente para aproveitar a dispersão de votos que irá ocorrer e com uma aliança ao PCP tornaria ainda mais real a possibilidade de liderarem a Câmara, já que poderão facilmente chegar aos 30% de votação e isso vai levar ficar próximo principal candidato.

A ver vamos...