terça-feira, 4 de março de 2014

Manuel Ribeiro

Decorreu, no último fim de semana, mais uma edição do torneio de andebol feminino do concelho, o qual, desde o ano passado, tem o nome do Professor Manuel Ribeiro nele incluído, no que constitui uma forma de homenagear o "pai" do andebol em Esposende.
Manuel Ribeiro, bracarense de berço, e esposendense de coração, destacou-se no nosso concelho como o impulsionador de uma modalidade que, até então, não tinha qualquer expressão, mas que rapidamente veio a assumir particular preponderância.
Primeiro com o Esposende Bascontriz, agora com a Juventude do Mar, Esposende é, indiscutivelmente, uma referência no panorama andebolístico feminino nacional. 
A par do futebol e da canoagem, o andebol faz parte da "troika" das modalidades desportivas com mais relevo no concelho, e para isso muito contribuiu a dedicação e empenho de Manuel Ribeiro.
Manuel Ribeiro era também um fervoroso adepto do ABC, e, claro está, da Selecção Nacional de andebol, acompanhando sempre os campeonatos europeus e mundiais onde Portugal participava. Não deixava, aliás, de ser curioso, que sempre que as transmissões televisivas procuravam destacar algum adepto português, invariavelmente, lá aparecia o Professor trajado com as cores nacionais, a carregar a esperança e apoio lusos.

No ano passado, numa sessão de evocação e homenagem a Manuel Ribeiro levada a cabo, em boa hora, pela Câmara Municipal de Esposende, resultou o desejo de ser escrito um livro sobre a vida e obra do Professor Manuel Ribeiro.
Se há personalidade cuja vida dava um filme e, por maioria de razão, um livro, é Manuel Ribeiro.
Espero, sinceramente, que alguém possa tomar acção a partir da intenção deixada na sessão de evocação, pois Manuel Ribeiro foi uma personalidade carismática, que marcou gerações de esposendenses que com ele conviveram, e que merece ser dado a conhecer às gerações vindouras. 

Um exemplo, entre outros que prometo ir aqui contando, para ilustrar a figura especial que era Manuel Ribeiro.
Algures em Setembro de 2005, estava a campanha autárquica ao rubro [Manuel Ribeiro, nessas eleições, era candidato pela CDU, com um slogan muito sugestivo "Manuel Ribeiro a vereador do desporto"], quando numa manhã de sábado encontrei Manuel Ribeiro pelo Serra da Sorte a pôr a leitura dos títulos dos jornais em dia.
Já não nos víamos há algum tempo (tinha sido aluno de Manuel Ribeiro no 10.º ano), e colocámos, brevemente, a conversa em dia. Aproveitei para perguntar ao Professor como é que estava a correr a campanha, agora que a data das eleições se começava a aproximar.
Manuel Ribeiro respondeu-me que estava naquelas eleições para ajudar o seu partido de sempre, o qual passava por um mau bocado no concelho, e que com o seu contributo e notoriedade talvez conseguisse eleger, finalmente, alguém para a assembleia municipal, que era o principal objectivo. Mas, ao mesmo tempo, o Professor referiu-me que procurava também participar nas eleições em missão de serviço público, colocando a temática do desporto na agenda principal da discussão, sabendo-se do potencial do concelho naquela área. 
E, foi então, quando me disse "Queriam que eu falasse mal do Cepa na campanha, mas eu disse logo que não, que não podia fazer isso. Então o rapaz andou lá na escola quando eu era Professor, sempre foi impecável para comigo, sempre nos entendemos muito bem, nunca tive razões de queixa, e eu agora ia falar mal dele só porque sim? Nem pensar nisso. Eu quero fazer uma campanha pela positiva, chamar a atenção para a necessidade de investimento no desporto, sem ter de fazer ataques pessoais".
Uma campanha pela positiva. É, de facto, a principal impressão que retiro da campanha do Professor Manuel Ribeiro naquelas eleições, e que representou uma saudável pedrada no charco, usualmente pouco límpido, dos combates eleitorais. 
Uma lição de dedicação à causa pública, respeito pelos adversários e honestidade na intervenção política, que é exemplo e que nunca perde a sua actualidade.

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